31 de março de 2011

Assim estou eu. Sentindo dificil ser vela nesse mundo eletrificado.

Velas e Chuva (Letto & Michele Ferret)

As flores da minha alma cairam com a chuva
levaram embora o perfume dos dias e noites de tua pele
lavaram o sangue que corria a perna nas saias que rodavam sob a lua imensa 
as flores das minhas pedras rolaram ladeiras subindo mudas pela noite
calaram os gritos da feira 
Nessa loucura de ser gente as flores caem no asfalto da pele
e as luzes acesas apagaram as cidades da minha alma 
é difícil ser vela nesse mundo eletreficado

  

30 de março de 2011

Surto

 
 
  Arranhei o carro do meu filho porque estava estacionado atrás do meu. Prendam-me jogue-me  na cela mais escura e distante da civilização, eu mereço. Surtos. Em um momento estou doce como mel e no minuto seguinte, se qualquer coisa estiver fora de ordem, fora da minha ordem, surto. Sou um perigo ambulante. Só pensava que alguém esta me impedindo de fazer o que quero agora! Já! Voltei para dentro da segurança do meu quarto e tomei um ansiolítico. Se eu fui capaz de tamanha atrocidade com uma das pessoas que mais amo imagine o que eu não faria com aquele vizinho chato? Não arrisquei, não quero sair em paginas policiais. Aliás, não desejo sair em coluna nenhuma. 
     Passada a onda de fúria, mais calma fui confessar o meu crime. Ele apenas sorriu. Ai, como é bom saber que alguém te conhece bem. Ele soube, ele sabe que não fui eu, foi à viciada que habita agora em mim. Meus sentimentos nesse instante é um misto de   tristeza e fúria. E me pergunto a cada instante: Cadê eu?

29 de março de 2011

Dois dias sem cigarros

     Dois dias. Dois dias que eu estou fora do meu eixo. Dois dias sem sorrir, dois dias sem comer, dois dias sem eu. Dois dias me perguntando por que eu inventei isso mesmo? E não encontro uma resposta, mas como tenho consciência de que neste momento não há nenhum resquício de quem sou e nem de racionalidade em mim e que o motivo de tal decisão ficou lá atrás, então devo confiar na razão que neste instante não me lembro. A única coisa que sei é: eu sou uma besta por ter entrado nessa. E como não fujo a luta, adoro desafios e para ser quem sou preciso provar que posso, vou seguindo. Mas neste momento a pessoa que mais odeio no mundo sou eu. Então a lógica é: só dou aquilo que tenho, então estou distribuindo raiva a todo instante e nem adianta dizer que ninguém tem nada com isso, tem sim, só pelo simples fato de existirem. Tirem as pessoas do meu caminho ate minha sanidade voltar e tudo ficará bem. Eu sei lidar comigo mesma, com o desespero que me abate, mas neste momento é a única coisa que sei fazer, não me peçam para lidar com o outro por que me falta energia para isso. E o pior de tudo: isso é só o começo.
     Ganhei café na cama, gostaria de dizer que agradeci entusiasmada, não foi bem assim, mal consegui reproduzir um sorriso. Ganhei pitomba e consegui externar, mesmo que fraquinha minha alegria. Ganhei outros mimos, mas o que mais queria ganhar era uma maquina que me transportasse para daqui a 20 dias. Esse será o tempo que precisarei para voltar a ver o mundo com meus olhos, por enquanto vejo o mundo com os olhos de um fissurado. Um mundo estranho, cheio de vazios, onde falta  fumaça, nicotina, minha muleta.
     Espero que voce não tenha o azar de me encontrar por ai, mas se não puder fugir, lembre que essa coisa de olhar desesperado, salivando, com movimentos agitados, não sou eu. Estar em mim, vestindo minha pele, falando com minha boca, fingindo que sou eu, mas acredite. Não sou eu.

28 de março de 2011

Stop smoking

Neste momento não consigo formular uma frase para dizer como me sinto, então não direi nada.

24 de março de 2011

Dia dificil

   
     Acordei triste. Esse sentimento me é estranho. Um dos sintomas da abstinência. É como se outro ser habitasse meu corpo. - Sai coisa ruim que esse corpo não te pertence.Não adianta, não vou desistir. Nem que para sorrir tenha que ir ao espelho e fazer careta. Porei uma máscara e exercerei o meu maior papel como atriz. Lerei todos os manuais de  A criação de um papel, A construção da personagem, A  preparação do ator. Dormirei e acordarei com Stanislavski.  
     Primeiro pensamento do dia foi :" só sou feliz quando fumo". Pois que a tristeza seja minha eterna companheira, venha que eu a  transformo, não trabalharei a negação, esses pensamentos  existem e  são bem  reais e neste instante fazem parte de como estou. Não de quem eu sou. Combato-os quando os assumo. É um jogo de poder. Quem pode mais? A vontade consciente de que é chegada a hora de parar ou o serzinho sacana que me faz promessas de falsas felicidades momentâneas de fumaça inebriante? Façam suas apostas, eu já fiz a minha. Pensamentos contrario  a minha resolução invadem minha mente sem aviso prévio. Demito-os sumariamente a cada instante, mas eles teimam em pedir uma segunda chance.
     Não consigo me concentrar em nada. Os livros para me distrair  que escolhi a dedo, viraram de repente motivo de aflição, as pitombas acabaram. Comecei um caso com M&Ms, mas sei que vai durar pouco, não sou fã de chocolate.
     Em quanto espero outro amante, vou ficando só comigo. Meu maior inimigo e incentivador.

23 de março de 2011

Um mar em minha vida

  
  Como um tsunami, ela chegou sem aviso e com uma força desmedida derrubou todas as possíveis resistências que podiam residir em mim. Uma onda gigante de amor. Meu tsunami passou e como todos os tsunamis que se preze deixou sua marca, mas a marca não foi de destruição. Ficou um rastro de ternura e sorriso que ressoa neste momento em minha mente.
     E minha casa voltou a calmaria. Sinto saudades das tempestades de perguntas, da eletricidade interminável que me esgotava ao fim do dia. Meu tsunami tem a forma de criança, que me recebia  aos pés da escada de minha casa a cada amanhecer com um lindo e sonoro : "bom dia tia Nani". Que me fez colorir tantas paginas em branco quanto coloriu, nesses dias que ficou aqui, os meus dias. Meus sobrinhos tornaram minha ansiedade brincadeira de criança. Cada um a sua maneira nem sabem, mas  me salvaram de mim. Bibi com seu abraço silencioso foi o melhor ansiolítico que um abstênico pode desejar. Pepe adoçou tantas vezes minha boca com seu olhar doce e sua ternura desmedida. E minha tsunami que não me deixava só um só instante, não me permitia pensar em outra coisa a não ser na cor do lápis que iríamos usar. Que me pedia para desenhar algo para logo em seguida interferir cruzando com seu lápis os desenhos que nem conclui, porque sabia o que eu deveria desenhar e qual o desenho era melhor para mim  e realmente sabia.Ontem na despedida, com a sabedoria dos seus quatros anos, olhou para mim e disse: - Vai ficar tudo bem, tudo normal e quando o natal chegar a gente se vê de novo. Olhar brilhando por lágrimas contidas e o sorriso brincando com dificuldade em seu rosto. Seu olhar o tempo todo buscando o meu.
     Acordei e só ouvi os pássaros, nada de voz infantil, nada de som de TV ligada em canais infantis, nada. Só uma saudade imensa e o medo. Medo de não ser mais tão fácil as horas sem cigarros. Minha boca estava sempre cheia de contos de fada, de histórias inventadas para encher os ouvidos de minha amada.
     Estou com saudades de minha filha criança quando eu era a rainha e ela a princesa do castelo. Do meu filho que estava sempre pronto a me salvar. Saudades da infância dos meus filhos ou seria da certeza de ser a pessoa mais importante de suas vidas?
    Um mar morno de aguas límpidas e claras chegou de mansinho, banhou os meus dias, lavou minha alma, beijou o meu rosto, assanhou meus cabelos e me fez mergulhar em risos. Um mar em minha vida, um mar de amor. Um mar , um oceano chamado: Mariana.

22 de março de 2011

Subtraindo

 
   Pensei que a transição de 10 cigarros para 06 seria dificílimo, mas as coisas continuam iguais, sinto que aos poucos minha ansiedade vai ficando controlável. Às vezes ate esqueço-me de contar os cigarros que faltam. É bem verdade que o pior está se aproximando. Resolvi que na próxima semana, cuja meta era 03 cigarros, zerar. Isso mesmo a partir de segunda- feira cigarro zero. E venha o que vier.
     Descobri um ótimo antídoto para o cigarro. Pitomba. Isso mesmo, essa frutinha segurou minha onda no ultimo fim de semana. No caminho para Punaú, onde fomos curtir a lua, minha irmã comprou vários cachos desta deliciosa frutinha, fazia muito tempo que não provava pitombas tão doces.  Na volta fiz um estoque e confesso meu pecado, escondi só para mim. Quando a vontade de fumar batia, sacava a tal fruta e começava a chupar. Resultado, minha boca estava sempre ocupada e os lábios machucados, não tinha como pensar em fumar. Meu estoque está acabando e eu fico pensando em fazer uma pequena viagem para comprá-la, porque as que tem por aqui nem de longe são doces assim. Poderia substituí-las por beijos. Preciso manter minha boca ocupada, mas meu parceiro precisa trabalhar, comer e falar. Eu acho isso tão injusto. Pensei em sair por ai beijando quem encontrasse pela frente, mas infelizmente isso pode  dar cadeia, herpes, sapinho e encrenca das grandes, então é melhor me aquietar.
     Vou segurando a onda como posso e a pouco me espantei ao perceber que tinha fumado somente 02 cigarros e já é quase 16:00hs. Foi esta pequena vitória que me fez decidir que a partir de segunda nenhum cigarro tocará minha boca.

19 de março de 2011

Mais um dia

     Ontem acordei doente. Tão mal que fumei 04 cigarros apenas. Meu corpo todo doía e enjoada ao ponto de vomitar. Fui para a aula da especialização, mas não segurei a onda e no intervalo voltei. 
     Hoje acordei melhor e me lamentei pelos cigarros não fumados. Fui à aula e no meio senti a ansiedade crescendo, passei a aula colocando meu ponto de vista em todos os assuntos abordados. Pontos cegos. Não dá para confiar em alguém que pensa o tempo todo como sobreviverá ate o próximo intervalo sem um cigarrinho. Na minha ultima colocação, avisei aos desavisados caso passasse da medida, estava acometida pela abstinência e TPM, e não falei quieta, falei enquanto caminhava  pela sala. Estou no meu momento de intervalo para o almoço logo voltarei. Tomara que eu consiga controlar minha fúria.
     Um dos  assuntos abordados era sobre o perdão. Engraçado como todo mundo é perfeito e facilmente entende e assumem o perdoar em suas vidas. Não dá para acreditar que em uma sala com 50 pessoas, a questão da internalização do perdão é unânime. Seriamos um grupo de pessoas perfeitas e como todos sabemos perfeição não existe.
     Todos temos demônios e eles não pedem licença para se manifestar. Sei que o perdão é para mim não para outro e que isso me liberta de quem me incomodou. Mas nem sempre isso funciona assim, esta questão não é matemática. Não se trata de lógica, mas do seu oposto. E eu que já não preciso de algo para fazer explodir minha frustração de estar sem meu brinquedo preferido, elegi uma amiga que estava sentada ao meu lado para ser meu limite, não deixando me manifestar. Nem sempre  funcionou.
     Estou furiosa, nada haver sendo honesta com o assunto em questão, mas com o fato de ter fumado só 04 cigarros ontem e  por causa da aula, estou sem poder fumar quando quero. Quando a vontade bate estou na sala. Depois de falar para todos sobre abstinência  recebi solidariedade de alguns. Aquilo me acalmou momentaneamente. Quando o intervalo do almoço foi declarado, sai cega, surda e muda, tudo o que queria era chegar aqui e fumar.
     Voltarei para a aula em alguns minutos e sentei para escrever porque se não iria usar o tempo que falta para acender mais um com a desculpa que ficarei um bom tempo sem fumar. Desculpa é o que tento procurar o tempo todo. Ser racional é lasca. Identifico logo as primeiras desculpas surgindo e as esmago.
     Logo mais a noite irei enfrentar a noite do lual. Decidi não irei beber nada, para não cair em tentação e caso queira beber, beberei água do mar que provocam delírios e ai sim, neles poderei fumar.
     

17 de março de 2011

Rota de colisão

 
     Como se não bastasse à ansiedade da abstinência, sinto os primeiros sintomas da TPM, eu no meio desta rota de colisão. Vou precisar de um cirurgião dentista quando e se sobreviver a isso. Passo uma parte do dia trincando os dentes, tencionando o maxilar, tentando me lembrar a todo momento que meu parentes não são alvo. Obrigo-me a não usar os meus dardos venenosos que tremem em minhas mãos. Às vezes minha língua é bem mais rápida que meu desejo de calar e pronto...escorre de minha boca gotículas de veneno. 
     O tempo todo tento relembrar para os que estão ao meu redor, que esse não é o meu jeito normal e que estou sendo atacada pela ausência de nicotina, bombardeada com sonhos onde posso fumar todos os cigarros do mundo e acordo com um pensamento: somente 10. Sei que eles estão relevando tudo, mas até quando? Isso mal começou e sei que terá momentos em que não irei me justificar, sentirei ímpetos de provocar nos outros as dores emocionais para compensar as  físicas que sinto e provocarei.  Ao começar a digitar estava com a respiração presa e nem me dei conta, a medida que comecei a escrever percebi que mal respirava e parei para respirar profundamente,  eu, que sei o poder de uma respiração profunda quando o assunto é ansiedade. Mas de nada adianta saber. Fico burra, esqueço ate meu nome. Lembro-me só de uma coisa: quantos cigarros faltam ate o fim do dia.
     Amanhã terei aula da minha especialização, confesso que estou com medo. Medo de magoar alguém. Vou apelar para um ansiolítico. Não gosto de usar, não queria usar, não nessa etapa, mas sinto que se faz necessário, melhor perder a batalha para meu orgulho que perder um amigo.
     Confesso que estou agitada com um programa inesperado. Sábado é lua cheia e todos aqui ficaram animados fazendo planos para irmos curtir a lua na praia. Reservamos 3 chalés e seremos em 15 pessoas, todos estão radiantes, menos eu. Fico pensando... Lual a beira mar : musica, boa conversa, vinho e ...cigarros. O universo está conspirando contra mim. Não vê que estou com uma ferida exposta? Por que tinha que ser lua cheia logo esse fim de semana quando a turminha de São Paulo está aqui e minha melhor amiga aderiu ao programa? Pô sacanagem. Se estou achando difícil sem grandes estímulos, imagine passar por isso? Todos não deveriam ficar aqui me vendo sofrer renunciando a qualquer forma de diversão e alegria? Nem mesmos os pássaros deveriam mais cantar pela manhã. O justo seria decretar o fim do sorriso e do bom humor mundial.
     Irei, mas um plano já toma corpo em minha mente. Irei esvaziar a lua, arranhar os cds, sabotar as cordas do violão,  quebrar as garrafas de vinho, tumultuar as conversas e chorar pelos cigarros não fumados.

16 de março de 2011

Faz três dias

 
   Pois é, terceiro dia e a coisa tá ficando cada vez mais dificil. Começo com impetos de provocar quem estar próximo a mim. Como alguém pode estar feliz quando dentro de mim tudo estar em ebulição? No primeiro dia fui dormir feliz, tinha atingido e superado a meta de 10 cigarros por dia. O dia chegou ao fim e fumei 09. Nos últimos dias não fugi a minha meta, mas não consegui voltar aos 09. 
     Hoje provoquei meu parceiro. Tentei driblar seu bom humor, chutei com força, mas só  atingi a trave. Não fiz gol, ele foi paciente comigo, mas não era isso que eu queria. Queria comprar uma briga, mas não encontrei nenhuma loja de desaforo aberta. 
     Sai à rua e xinguei o primeiro desavisado que se atreveu a me ultrapassar, voltei mais calma, afinal o cara xingou de volta e eu pude botar para fora todo vocabulário sujo que queimava minha língua. Faz muito tempo que não falo palavrão e preciso oxigenar meu pulmão, né? Pensei em escrever no blog, mas refleti que teria que reler e verificar como está minha escrita, já que os pensamentos são bem mais rápidos que meus dedos. Mudei de idéia. Quer saber? Bem feito se eu escrever errado e você que me lê for vitima, to querendo brigar com você também. Por que limitar essa briga só comigo? Sempre tive simpatia pelo socialismo, então vou socializar minha ira!
     O ministério do bom senso adverte : Cruzar comigo pelo caminho pode e fará mal a sua saúde.

14 de março de 2011

Tudo tem que ter um começo

     
      Hoje acordei e algo estava estranho, não achei graça nenhuma no sol que entrava pela minha janela, nem tão pouco senti desejos de me espreguiçar ao som dos cantos dos pássaros como normalmente ocorre todo dia. Levei um tempo para saber o que estava errado com o dia. Nada. Hoje foi o dia em que marquei para começar minha caminhada rumo a dias de ansiedade e desespero. Levantei, fiz minha higiene matinal e coloquei um adesivo de nicotina e....Voltei para a cama. Resolvi esperar que o adesivo fizesse sua parte, eu não queria me envolver. Louco, né? Mas não há lógica nenhuma no pensamento de um dependente. Não voltei a  dormir, não gosto de perder tempo dormindo, apenas fiquei deitada esperando que o desejo de fumar passasse. Queria transferir a responsabilidade para o adesivo, não deu certo. Duas horas depois levantei e fui tomar o meu adorado café da manhã e Fumei o primeiro dos dez cigarros que me propus a fumar por dia durante  esta semana.
     Dez pode parecer muito, mas para mim é quase nada, ontem fumei 42 cigarros, lógico que a ansiedade do pelo dia seguinte  que viria, contribuiu para o aumento de consumo. Tentei sabotar-me. Estou recebendo a visita de minha irmã, cunhado e  três sobrinhos e passei os últimos dois dias ponderando se era o momento certo e que talvez fosse melhor esperar mais uma semana para começar. A idéia fez de tudo para me seduzir, com promessas tolas de que seria mais fácil. Consegui resistir. Um a zero para mim.
     Passei a contar o dia não pelas horas, mas pela quantidade de cigarros que ainda resta consumir. Estou fazendo contagem regressiva, ate o momento, são 18 hs e 50 minutos e fumei seis. Ao fumar o primeiro estava com o nível de ansiedade baixo, afinal restavam nove, quando completei o quinto começou a verdadeira loucura. No primeiro sinal de ansiedade recebi de minha sobrinha mais velha um abraço silencioso, ela percebeu veio ate mim, não falou nada só me abraçou e sem saber me acalmou. Pensei: Vou substituir cigarros por abraços, irei ate a rua e pedirei abraços a todos que cruzarem meu caminho. Pensamentos insanos me rondam.
     Segundo ataque grande de ansiedade, meus sobrinhos me convidaram a caminhar e antes que pensasse na questão saímos porta a fora e caminhei, entrei no universo mágico de suas vozes descrevendo histórias e revivendo caminhos outrora compartilhados em visitas passadas e fui salva outra vez.
     Terceiro ataque de ansiedade significativo, corri para o blogger e percebo que a presença deles aqui esta me salvando de mim mesma. Faltam quatro cigarros e muitas horas pela frente, daqui a pouco estou indo para a academia e o que faço depois? Adoro a noite e durmo cerca de 4 a 3 horas por noite e acordo invariavelmente as 7 da manhã. Adoro esta acordada, mas não sei se vou adorar ser eu nas próximas horas.
     Eu acordei não gostando muito de mim hoje. Como alguém pode abrir mão de algo que lhe dar prazer e  se propõe  a passar por essa agonia? Eu me amo ou eu me odeio? Coerência não fará parte de mim nos próximos dias. Lógica também não.
     Acabei de ser interrompida para colocar imãs na orelha para diminuir a ansiedade. To me sentindo mais calma...Mentira!!!!. Estou com pensamento obsessivo...Só tenho quatro cigarros...Quatro cigarros.
    
  

2 de março de 2011

Chega de tabaco!

    É isso ai. To pensando seriamente em parar de fumar. Ao longo dos últimos meses esse é um pensamento que me vem a mente e como um bom viciado, espero passar. Aquela historia de que vontade é bom por que da e passa. Resolvi postar sobre isso que é para ver se esse pensamento se concretiza. Marquei uma data para diminuir os números de cigarro e posteriormente parar. Atualmente fumo cerca de 35 cigarros por dia. A data será segunda-feira depois do carnaval. Parar no carnaval é querer demais, né? Só em pensar nisso me vem uma vontade louca de fumar para compensar o tempo que ficarei sem ele. Tem gente viciado em amor, viciado em tristeza, viciado em bebidas e tem gente viciado em lembranças, às vezes penso que essa é eu. O cigarro me remete a lembrança de meu pai. Cigarro tem cheiro de infância. Talvez isso seja uma grande desculpa que me imponho por não parar e torna tudo tão mais "desculpável". Não sei, neste momento a vontade de apagar o que acabei de escrever e refletir melhor sobre parar ou não me divide. Primeiro passo não farei isso, não apagarei, me submeterei a vergonha caso não consiga. Já parei outras vezes por períodos que variaram de 1 ano a 1 ano e meio. Sei que algumas coisas que falam sobre como é bom parar, tipo o sabor das coisas se acentuam, a percepção do cheiro se amplia, é tudo balela.
     Só um viciado como eu sabe que nada é tão bom quanto uma xícara de café na mão e um cigarro na outra, os pensamentos voam. Outro dia falando com um fumante sem cigarro, é assim mesmo porque viciado nunca deixará de ser viciado, ele para por um tempo, mas no momento em que acender o primeiro perderá as contas dos que virão depois, então  falando com esse amigo temporariamente sem nicotina, ouvi dele o seguinte: - O que mais sinto falta são dos pensamentos organizados que tinha logo após acender um cigarro. É isso mesmo, quando há pensamentos fragmentados causando ruídos na mente, nada como um cigarro para organizá-los, a fumaça age como uma cola, conectando os pedaços.
     To louca para acender um agora mesmo e  me perguntando  por que parar agora? Afinal do câncer de pulmão não fujo mais, são muitos anos de nicotina para imaginar que a semente não já está plantada e regada dentro de mim. Por que então? Eu particularmente não ligo muito para essa coisa de ganhar mais uns anos, realmente isso não me comove, nem me move. Quero parar para ter mais tempo ao lado das pessoas agora, ficar mais cinco minutos ao lado delas. Sou uma fumante consciente, se é que existe isso, mas não fumo em lugares fechados, próximo a crianças, bares, hospital então nem pensar, tanto que quando exerci função pedagógica, parei, parei por que não queria que os alunos me vissem com um cigarro na mão, essa coisa de responsabilidade levo muito a sério. Então perco tempo quando saio e abandono as conversas, me afasto para longe para acender cigarros é isso que me incomoda, me afastar das pessoas, amo estar perto. Afasto-me voluntariamente, por não ter que submetê-las a fumaça, ao cheiro, eu odeio o cheiro de tabaco. Claro que existem os que fumam e não preciso fazer isso, mas são minorias, ainda bem.
     Talvez  quando começar a parar, recorrerei a postar aqui todos os momentos em que a vontade de fumar me consuma e o monstro da abstinência venha se apoderar de mim. Sim porque ele existe. Então postarei toda e qualquer bobagem que me deixe ficar mais um minuto sem fumar. Que sejam delírios, mas delírios de desintoxicação.  Que venha dia 14/03/2011.  Ai que medo....Preciso acender um cigarro.