21 de dezembro de 2011

Titina


     Algo me chamou a atenção em uma pagina de relacionamento. Alguém postou que Titina Medeiros estaria escalada pela Rede Globo para a próxima novelas das 19:00hs. Não sabia se devia me manifestar ou não, já que Titina não havia se pronunciado, somente quando vi que um amigo em comum postou um comentário a respeito, me pronunciei. Isso diz muito sobre ela. Quantas pessoas teriam essa atitude de discrição?
 Para algumas, isso seria motivo para deslumbramento e já teriam postado até o salário, mas não Titina. Uma pessoa centrada, competente, talentosa, comprometida com sua arte e porque não dizer deslumbrada também. Deslumbrada sim, mas com a vida, com o amor, com os amigos, com o prazer em atuar.
     O seu silencio soou alto e fala de alguém que sabe o valor de cada coisa em sua vida. Ela sabe o caminho que percorreu, o quanto de suor deixou nos palcos, o quanto de dor investiu e quantos gritos já ouviu, quantas incerteza a abateu. Porque estas são as prestações que a vida cobra, não vivemos para pagar o que realmente importa a vista, raramente a vida cobra em suaves prestações. Pensei em desejar-lhe boa sorte, mas sorte não tem nada haver com isso e se tem é uma pequena participação, é mera figurante.
     Agora é  respirar, aquecer, concentrar, foco e deixar o personagem tomar vida. Isso ela faz com maestria. Já a vimos fazer isso tantas vezes é chegada a hora de mostrar para o Brasil inteiro.  
Receba Titina meus aplausos.

Atuando


      Quando iniciei esse blog pensei que teria de escolher uma temática para explorar ou escreveria poesia, falar de mim, dos outros, musicas, livros etc.
     Iniciei com temas mais pessoais, coisas que falassem mais de mim, mas sempre tinha tantas outras coisas que gostaria de falar e deixei de escrever por achar que não encaixava.
     Finalmente a ficha caiu. Tudo que escrevo tem algo de meu, mesmo que as historias e fatos não relatem o que vivi. Mas certamente é algo que ouvi, vi, li, imaginei, percebi, sonhei, fofoquei. Temia escrever sobre as experiências dos outros e roubar para mim suas historias. Mas é exatamente o que faço, assumo eu roubo. Viro personagem, sujeito oculto, passivo, ativo, direto ou indireto. Sou atriz, embora meu palco já algum tempo não seja o teatro, então aqui será meu mais novo tablado. Eu não consigo é deixar de atuar. Todas as historias serão minhas, todos os personagens serão eu, de forma direta ou indireta. Bem vindos ao meu teatro particular.
    

18 de novembro de 2011

Você sabe que eu sei

Você sabe que eu sei e não ligo. Não ligo que isso não foi escrito para eu ler .
Se zangue se quiser, não me importo. Violei suas gavetas e li o que você escreveu a três anos atrás. Um poema. Um poema de amor que fala
de um tempo para você  perdido onde escrevia para mim e eu não lia,
 gravava  CDs que eu não ouvia 
que procurava por mim em cada rosto, cada esquina, em cada olhar.   
Que no Saara dos meus sentimentos, enlouquecia de sede do meu afeto.   
Quis se vingar de mim e gritava seu amor para quem podia ouvir e quem podia   
era coisa, objeto tão diferente de mim   
Como a noite e o dia, ouro e alumínio, o raro e o absurdamente comum  
que não dava para confundir. 
Já que deixar de me amar não podia,  
podia ao menos se rebelar.
Que forjou sentimentos e se tornou cínico na ânsia de se vingar. 
Que percebeu o quanto me amava, quando se viu   
fazendo e dizendo coisas em que não acreditava 
Só para chamar minha atenção, mas nada adiantou                                                                               
Porque sua vingança não ardia em mim.  
Que por pirraça, raiva, descontentamento  
continuava a gritar seu amor 
Aos muros, nas ruas, aos becos  
Mas que as palavras só ganhavam sentido  
Quando a noite junto a mim dormia de conchinha e murmurava ao  meu ouvido o que gritava ao vento.

E assim  o encerrou. Este poema me arrebatou,  me surpreendeu,  me deixou sem ar. Você sabe que eu sei que você vai me perdoar por invadir tua alma. Te dou um conselho: pare de brigar com você, teu amor por mim é caso perdido, é tarde demais para isso. Não tem cura, estou em você como uma tatuagem. E sabe por que eu sei? Porque amor,  não há no mundo ninguém como eu. Você ama a minha loucura, minha insensatez, minha forma esquisita de amar. Antes mesmo de chegar ao fim do poema estava completamente apaixonada por você.

22 de julho de 2011

Motel

Tem coisa melhor? Adoro. Não sei se é por causa do cheiro de sexo, da sensação que tem esperma  por todo o quarto, ou porque lá é garantia de diversão na certa.
Amanhecer em motel é mágico, acordar com o corpo e mente entorpecidos e querer adiar a saída. Quando abre um novo tenho que ir, mas tenho o meu preferido. É lá que sinto um reconhecimento de gozo. Terminar uma noite mágica indo para o motel é garantia que a noite só está começando, pouco importa se isso ocorra às quatro da manhã.
Nasce em mim uma disputa silenciosa de sentir mais prazer do que o ultimo inquilino, um desejo silencioso de descobrir onde será que eles ainda não usaram. Gosto da minha prepotência nessas horas de imaginar que sou mais criativa que as demais. O único lugar onde evito fazer amor é na cama. Lógico que também não  faço uso da banheira, sei lá se não tem um zoidinho perdido e  não aproveita a porta aberta e entra sem ser convidado? Melhor não arriscar. Banheira só em casa.
     Por a cabeça no travesseiro de Motel exige muita coragem, onde será que eles já estiveram antes de ser usado como escora de cabeça? Dormir naqueles lençóis exige bravura e gosto de me gabar que sou uma mulher corajosa. No motel viro lagartixa adoro subir pelas paredes. Por isso não irei para nenhum que seja só cama e banheira. Em matéria de Motel sou exigente. Adoro as suítes mais suntuosas e os chalés, sabe quantas possibilidades há em lugares assim? O melhor motel é aquele que ao sair no dia seguinte observar os pontos que ainda ficou para explorar, deixar o lugar e ele convidando para que retorne e preenchas as lacunas deixadas nesse dia, quase te chamando de fraca por não ter explorado até o ultimo cantinho e desafiando você a voltar. Esses são os que mais amo. Ir ao motel é como visitar outro país, outra cidade, a ultima coisa que quero é dormir e descansar faço isso quando chegar em casa. Tem tantos lugares para se visitar que o cansaço é temporariamente esquecido. 
     Amo café da manhã na cama, no motel então é perfeito, só tenho uma ressalva:  o café da manhã no Motel deveria ser caldo de mocotó, baião de dois, vaca atolada, rabada com agrião ou algo assim que dê sustância. Como eles querem que nossas energias sejam recuperadas com ovo frito, queijo, presunto e bolinhos?! Deve ser por isso que poucos ficam depois do café da manhã.

     Adoro filas em motel, gente querendo se esconder, fingindo que não transa. Parece que o cara veio sozinho, é um tal de baixar a cabeça, se enterrar nos bancos. Se pensarmos bem esse é o momento perfeito para iniciar uma nova amizade, já que começamos tendo algo em comum. Já imaginou a cena? Você descendo do seu carro e puxando conversa?
    No ultimo fim de semana a fila se formou na saída, 11 da manhã e lá estávamos nós, éramos o terceiro. Quando o casal na nossa frente saiu da portaria, parou o carro logo em seguida o sujeito abriu a porta do carro e vomitou. Será que a mulher que estava com ele estava estragada? Tem que se ter muito cuidado com o que se come. É preciso ser bem seletivo. Não se pode confiar na embalagem.

4 de julho de 2011

Apenas escute


    Quando o som sai dos meus lábios, na maioria das vezes é só isso, um som. Quando quero ser ouvida de verdade, silencio. É no silêncio que encontro eco para as palavras que arranham o ouvido. É no silencio que mais me torno ruidosa. O silêncio é apenas a ausência de sons audíveis.
Não economizo palavras no silêncio. Economizo silêncio quando falo. E não sou dada a economia, não sou nem um pouco parcimoniosa. Gosto de consumir. Consumo sentimentos, consumo emoções até não sobrar mais nada na prateleira. Consumidora compulsiva da vida. Tenho muita fome. Fome de tudo que mereço e eu mereço muito. Nasci para sorrir e não aceito ficar sem consumir um sorriso  pelo menos uma vez ao dia. Não economizo energia por medo de blackout. Prefiro o erro do excesso que o da economia.
     A única coisa que  consegui estocar até hoje são as lágrimas, mas não é por avareza, é por pura falta de competência: não aprendi a chorar. Talvez porque seja  o único som que não me faz dançar. Não é falta de sentimento, é falta de sentimentalismo.  Acredito que o uso demasiado de lágrimas leva a banalidade do lirismo. Não sou, nunca serei, me recuso terminantemente a ser uma pessoa banal.  Não consigo viver uma banalidade, já tentei, fiz até curso on line e fui reprovadíssima. Nem as coisas mais triviais que me proponho a fazer chega ao fim na sua forma ordinária, no meio do processo passo a devorá-la como rara, única. Porque tenho a tendência de fazer sempre o melhor com tudo que  cruza o meu caminho. Mania de perfeição. Quando assim não faço, é quando quero exercer meu direito de uma vez ou outra me sabotar. Até nisso capricho, dou o meu melhor. Sou o que me proponho a ser. Nem mais, nem menos. Quero consumir todo o meu silêncio.  No silêncio é  quando mais alto penso.

30 de junho de 2011

Eu predadora




Quando saio, saio para fazer barulho. Ponho meu perfume, meu salto, meu gloss e saio para seduzir. Pronto falei. Adoro o olhar que vejo refletido no espelho. Predadora.
Adoro provocar. Minha diversão predileta é sair  e depois do pedido confessar que não estou usando nada por baixo do vestido curto. Amo seu olhar esperando minha cruzada de pernas. Adoro vê-lo engolir tudo às pressas e o sofrimento que gero por ir saboreando tudo vagarosamente. Ah! Seu desespero não tem preço, alimenta minha libido. De todas que sou essa é a que mais amo e cuido dela com esmero. Ser mãe faz parte de mim, mas só quero ser mãe para o Léo e a Iane. Ser mãe não diz quem sou. Acho lindo quem vive para a maternidade, mas isso é pouco para mim. O que gosto mesmo é me sentir Mulher assim mesmo com M maiúsculo. Sentir-me felina, sedutora, doida, vadia. Isso me define. Sei do poder que exerço e me desculpem a falta de modéstia, neste quesito modéstia seria só fingimento. Acabei de por meu perfume predileto, meu gloss, minha cinta liga, minha meia 7/8. Hoje ninguém me segura.

20 de junho de 2011

Um dia perfeito de chuva

Chove lá fora. Dia de preguiça. Primeiro momento: ficar embaixo dos lençóis, café da manhã na cama. A casa acorda.
Segundo momento: Chocolate quente, um bom livro, curtir os pingos que se projetam na janela. Terceiro momento: Tirar par ou impar para ver quem vai receber o almoço delivery. Quarto momento: Reunir a galera, assistir a um filme comendo pipoca.
O melhor momento do dia: Expulsar todos do quarto, bebericar um bom vinho, aquecer o corpo em outro corpo, brincadeiras impublicáveis em baixo e em cima dos lençóis. Um banho de banheira, mais vinho. Domingo dia perfeito para chuva chegar.