8 de novembro de 2010

Livros

     Existe companheiro mais fiel que um bom livro? Tudo começa com uma paquera: você vai ao local em que certamente o encontrará e ali começa a rolar um clima. Uns tentam chamar sua atenção de todo jeito, muito colorido fica ali piscando ininterruptamente, para mim não adianta, não  gosto dos fáceis. E você vai circulando, observando um... depois outro... Se pintar um clima, delícia! você o leva para casa  e fica a expectativa: se você  vai amá-lo ou odiá-lo só o tempo dirá, como faz com qualquer relacionamento.  

     Gosto de vários tipos de livros, aqueles que nos fazem viajar, que nos encanta com suas palavras, nos embebeda com sua delicadeza, mas confesso: gosto mesmo daquele que me desafia, que me provoca, que não deixa minha mente sossegar um só minuto, me tira do sério, que me irrita, para logo em seguida me encantar com sua sabedoria. Nem sempre concordo com eles, mas mesmo assim, sempre me fazem sair com uma nova perspectiva. E quando as verdades vêm acompanhadas de humor? Adoro esses que me trazem sorriso aos olhos, enquanto enche de dúvidas a  minha mente. Devolvo o tratamento os tratando com carinho. E o melhor de tudo: eles não são ciumentos! São generosos e quantos mais você diversifica, mais poderosos eles se tornam ou por se completarem ou por se antagonizarem deixando você criar seu próprio ponto de vista. Ah! Sem dúvida esses são os "the best". Confesso que existe um grupinho que não dou bola de jeito nenhum, aqueles que vêm querendo desde o titulo ate a última página te ensinar algo, são pretensiosos demais, já chegam dizendo que querem ajudar, te dizendo como resolver sua vida. Como assim se  nem me conhece? Se eu me desconheço?
     Meu problema é que não consigo abandonar um livro se não me agrada. Não sei se é por masoquismo ou esperança de que algo, nem que seja na última linha, mude. Tenho que ler até o fim.
      Sou acarinhada sempre com um, meu parceiro nunca deixa passar muito tempo sem que me mime com um desses companheiros fiéis. Gosto de saber que  os dois estão ali na hora que vou para cama bem ao meu lado, mas a  certeza da lealdade só um pode me dar, pois conheço o material de que foi feito, do momento da prensa, até o último local em que o encontrei, o outro está em constante processo de concepção, assim como eu e, portanto passível de cometer deslizes. Gosto de comparar um parceiro ao livro: um é aberto e está sempre se oferecendo inteiro, sussurrando: “devore-me”. O outro, apesar de pedir para ser devorado, tem que descobrir-se, não é tarefa de ninguém desvendá-lo ou ficar buscando-o nas entrelinhas, se não te envolver  e demorar muito a se descobrir,  você o esquece por um tempo  na estante e deixa-o ficar ali levando poeira, enquanto você é  atraído por outro até descartá-lo de uma vez ou resolver tirá-lo da estante e fazer uma releitura.
     Amo o cheiro de um livro novo, é cheiro de viagem, cheiro do desconhecido pronto para se abrir e ser explorado, é cheiro de aventura, é cheiro de gozo, de adrenalina e são esses, para mim, os principais ingredientes para se viver bem. Tenho que ir, tem um inquieto, me seduzindo agora.

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