12 de janeiro de 2011

Quem você pensa que é?

Quem você pensa que é? E quem de verdade você é?

Isso mesmo, nos consideramos tão melhores do que somos. Nosso mecanismo de defesa nos leva a crer que somos algo que muitas vezes está só na imagem que fazemos de nós mesmos. 

Recentemente visitando uma amiga, presenciei uma cena que me fez ver o quanto somos pequenos como seres humanos. Ela destratou sua empregada domestica e se justificou porque a criatura cometeu um erro. O que me chocou não foi a atitude, mas de quem veio. Uma pessoa que aparentemente defende os direitos dos menos favorecidos e acredita sinceramente no discurso que propaga. 

Sua conduta me fez ver que, como  muito de nós fazemos sem pensar, ela classifica as pessoas em três categorias: a superior a ela, a igual a ela e a inferior. Só não se da conta disso. Como ela pode enxergar que faz isso se verdadeiramente acredita ser alguém que luta contra a descriminação? Pois é, essa pessoa não pode ser acusada de estar politicamente incorreta ou desconectada de seus "deveres sociais", porque briga com qualquer um quando esse está cometendo uma injustiça, sai às ruas participa de movimentos igualdade, se comove com os menos favorecidos. Como pode se imaginar discriminando? Então qual é o problema dela? Ela é humana. E nós humanos detectamos facilmente o problema nos outros e não o enxergamos em nós mesmos, acreditamos sempre que somos melhores que o outro ou que por defendermos causas, somos imunes a cometer tais desatinos. Lerdo engano.

Luto constantemente contra o meu eu mais mesquinho, contra minha pequenez, minhas invejas "inofensivas". Não me considero imune ao que há de mesquinho em nós seres humanos. Só não me permito dormir sem avaliar determinados comportamentos, tomados muitas vezes no calor da emoção. Quantas vezes não fui dormir com vergonha de mim. Depois preciso de um tempo para fazer as pazes comigo, isso não é fácil, encarar a criatura ignóbil que existe em mim, não é tarefa prazerosa. Mas sei que preciso, não pelo outro, mas por mim, para que depois possa me olhar e não sentir tanta vergonha. E quem sabe vez ou outra, sentir orgulho de quem sou.

Li um livro em  que o autor dizia algo que concordo totalmente: "para ficar em paz comigo, tive que encarar quem sou de verdade, e fazer as pazes com o meu eu mesquinho, com as vergonhas que sinto e que tento apagar da minha lembrança, tive que ficar nu". Bem é isso que tento fazer constantemente, me desnudar.
Assim posso caminhar sem ficar olhando por sobre meu ombro, posso sorrir de minhas tentativas ridículas de querer me enganar, nunca consigo, a consciência de quem sou não me permite, às vezes ate consigo, mas isso dura poucos dias, claro que as vezes acredito que sou melhor do de sou, afinal sou humana.
Não acredito que existam pessoas melhores que eu, nem iguais e tão pouco piores, nem mesmo meus desafetos, se é que eles existem. Acredito que  pessoas  devem ser classificadas como seres humanos e como não há nenhum perfeito, os defeitos cedo ou tarde aparecerão. 
Tenho dó de minha amiga, que não se conhece, que luta por uma causa perdida antes mesmo de botar o pé na rua. Para trazer conhecimento a alguém sobre a  causa que defende, primeiro ela tem de que conhecer a si mesma. Desconstruir quem ela pensa que é. 

Quantos de nós estamos dispostos a abandonar a idéia que fazemos de nós mesmo? Jogar fora todas as máscaras e ficamos nus? Quem está disposto a se ver um grande hipócrita, por ter passado anos sendo tão igual a quem condena?

Gostamos de qualificar nossos absurdos comportamentos como erros e nos perdoamos tão facilmente porque afinal todo mundo erra. O desafio é: encarar o que nos levou a cometer tais deslizes e a resposta geralmente pode ser: inveja, vingança, despeito, ignorância, mesquinhez, soberba...
Pois é, quem acredita que possui esses sentimentos dentro de si? Ninguém. Geralmente acreditamos que eles são reações a provocações externas a nós, ou seja, o outro provocou. A verdade não seria porque esses sentimentos estão dentro de nós só esperando uma brecha para submergir?

Quem eu penso que sou?

Alguém que assume sua humanidade, pois  tenho todos esses sentimentos dentro de mim, eles me acompanham diariamente aonde quer que eu vá.  O meu desafio é identificá-los,  tratar de minimizar os estragos que venham a fazer, assumindo-os para que  eles não se tornem maiores de quem eu sou.

E você quem pensa que é?

Nenhum comentário:

Postar um comentário