Quem você pensa que é? E quem de verdade você é?
Isso mesmo, nos consideramos tão melhores do que somos. Nosso mecanismo de defesa nos leva a crer que somos algo que muitas vezes está só na imagem que fazemos de nós mesmos.
Recentemente visitando uma    amiga, presenciei uma cena que me fez ver o quanto somos pequenos como    seres humanos. Ela destratou sua empregada domestica e se justificou    porque a criatura cometeu um erro. O que me chocou não foi a atitude,    mas de quem veio. Uma pessoa que aparentemente defende os direitos dos    menos favorecidos e acredita sinceramente no discurso que propaga. 
Sua conduta me fez ver que,    como  muito de nós fazemos sem pensar, ela classifica as pessoas em três    categorias: a superior a ela, a igual a ela e a inferior. Só não se  da   conta disso. Como ela pode enxergar que faz isso se verdadeiramente    acredita ser alguém que luta contra a descriminação? Pois é, essa  pessoa   não pode ser acusada de estar politicamente incorreta ou  desconectada   de seus "deveres sociais", porque briga com qualquer um  quando esse  está  cometendo uma injustiça, sai às ruas participa de  movimentos  igualdade,  se comove com os menos favorecidos. Como pode se  imaginar   discriminando? Então qual é o problema dela? Ela é humana. E  nós humanos   detectamos facilmente o problema nos outros e não o  enxergamos em nós   mesmos, acreditamos sempre que somos melhores que o  outro ou que por   defendermos causas, somos imunes a cometer tais  desatinos. Lerdo engano.
Luto constantemente contra o meu eu    mais mesquinho, contra minha pequenez, minhas invejas "inofensivas".    Não me considero imune ao que há de mesquinho em nós seres humanos. Só    não me permito dormir sem avaliar determinados comportamentos,  tomados   muitas vezes no calor da emoção. Quantas vezes não fui dormir  com   vergonha de mim. Depois preciso de um tempo para fazer as pazes  comigo,   isso não é fácil, encarar a criatura ignóbil que existe em  mim, não é   tarefa prazerosa. Mas sei que preciso, não pelo outro, mas  por mim, para   que depois possa me olhar e não sentir tanta vergonha. E  quem sabe vez   ou outra, sentir orgulho de quem sou.
Li um livro em  que   o autor  dizia algo que concordo totalmente: "para ficar em paz comigo,   tive  que encarar quem sou de verdade, e fazer as pazes com o meu eu    mesquinho, com as vergonhas que sinto e que tento apagar da minha    lembrança, tive que ficar nu". Bem é isso que tento fazer    constantemente, me desnudar.
Assim    posso caminhar sem ficar olhando por sobre meu ombro, posso sorrir de    minhas tentativas ridículas de querer me enganar, nunca consigo, a    consciência de quem sou não me permite, às vezes ate consigo, mas isso    dura poucos dias, claro que as vezes acredito que sou melhor do de sou,    afinal sou humana. 
Não  acredito   que existam pessoas melhores que eu, nem iguais e tão pouco  piores,  nem  mesmo meus desafetos, se é que eles existem. Acredito que   pessoas   devem ser classificadas como seres humanos e como não há  nenhum  perfeito,  os defeitos cedo ou tarde aparecerão. 
Tenho    dó de minha amiga, que não se conhece, que luta por uma causa perdida    antes mesmo de botar o pé na rua. Para trazer conhecimento a alguém    sobre a  causa que defende, primeiro ela tem de que conhecer a si  mesma.   Desconstruir quem ela pensa que é. 
Quantos de nós estamos dispostos    a abandonar a idéia que fazemos de nós mesmo? Jogar fora todas as    máscaras e ficamos nus? Quem está disposto a se ver um grande hipócrita,    por ter passado anos sendo tão igual a quem condena?
Gostamos de qualificar nossos    absurdos comportamentos como erros e nos perdoamos tão facilmente porque    afinal todo mundo erra. O desafio é: encarar o que nos levou a  cometer   tais deslizes e a resposta geralmente pode ser: inveja,  vingança,   despeito, ignorância, mesquinhez, soberba...
Pois    é, quem acredita que possui esses sentimentos dentro de si? Ninguém.    Geralmente acreditamos que eles são reações a provocações externas a    nós, ou seja, o outro provocou. A verdade não seria porque esses    sentimentos estão dentro de nós só esperando uma brecha para submergir?
Quem eu penso que sou?
Alguém que assume sua    humanidade, pois  tenho todos esses sentimentos dentro de mim, eles me    acompanham diariamente aonde quer que eu vá.  O meu desafio é    identificá-los,  tratar de minimizar os estragos que venham a fazer,    assumindo-os para que  eles não se tornem maiores de quem eu sou.
E você quem pensa que é?
 
 
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