29 de março de 2011

Dois dias sem cigarros

     Dois dias. Dois dias que eu estou fora do meu eixo. Dois dias sem sorrir, dois dias sem comer, dois dias sem eu. Dois dias me perguntando por que eu inventei isso mesmo? E não encontro uma resposta, mas como tenho consciência de que neste momento não há nenhum resquício de quem sou e nem de racionalidade em mim e que o motivo de tal decisão ficou lá atrás, então devo confiar na razão que neste instante não me lembro. A única coisa que sei é: eu sou uma besta por ter entrado nessa. E como não fujo a luta, adoro desafios e para ser quem sou preciso provar que posso, vou seguindo. Mas neste momento a pessoa que mais odeio no mundo sou eu. Então a lógica é: só dou aquilo que tenho, então estou distribuindo raiva a todo instante e nem adianta dizer que ninguém tem nada com isso, tem sim, só pelo simples fato de existirem. Tirem as pessoas do meu caminho ate minha sanidade voltar e tudo ficará bem. Eu sei lidar comigo mesma, com o desespero que me abate, mas neste momento é a única coisa que sei fazer, não me peçam para lidar com o outro por que me falta energia para isso. E o pior de tudo: isso é só o começo.
     Ganhei café na cama, gostaria de dizer que agradeci entusiasmada, não foi bem assim, mal consegui reproduzir um sorriso. Ganhei pitomba e consegui externar, mesmo que fraquinha minha alegria. Ganhei outros mimos, mas o que mais queria ganhar era uma maquina que me transportasse para daqui a 20 dias. Esse será o tempo que precisarei para voltar a ver o mundo com meus olhos, por enquanto vejo o mundo com os olhos de um fissurado. Um mundo estranho, cheio de vazios, onde falta  fumaça, nicotina, minha muleta.
     Espero que voce não tenha o azar de me encontrar por ai, mas se não puder fugir, lembre que essa coisa de olhar desesperado, salivando, com movimentos agitados, não sou eu. Estar em mim, vestindo minha pele, falando com minha boca, fingindo que sou eu, mas acredite. Não sou eu.

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