17 de março de 2011

Rota de colisão

 
     Como se não bastasse à ansiedade da abstinência, sinto os primeiros sintomas da TPM, eu no meio desta rota de colisão. Vou precisar de um cirurgião dentista quando e se sobreviver a isso. Passo uma parte do dia trincando os dentes, tencionando o maxilar, tentando me lembrar a todo momento que meu parentes não são alvo. Obrigo-me a não usar os meus dardos venenosos que tremem em minhas mãos. Às vezes minha língua é bem mais rápida que meu desejo de calar e pronto...escorre de minha boca gotículas de veneno. 
     O tempo todo tento relembrar para os que estão ao meu redor, que esse não é o meu jeito normal e que estou sendo atacada pela ausência de nicotina, bombardeada com sonhos onde posso fumar todos os cigarros do mundo e acordo com um pensamento: somente 10. Sei que eles estão relevando tudo, mas até quando? Isso mal começou e sei que terá momentos em que não irei me justificar, sentirei ímpetos de provocar nos outros as dores emocionais para compensar as  físicas que sinto e provocarei.  Ao começar a digitar estava com a respiração presa e nem me dei conta, a medida que comecei a escrever percebi que mal respirava e parei para respirar profundamente,  eu, que sei o poder de uma respiração profunda quando o assunto é ansiedade. Mas de nada adianta saber. Fico burra, esqueço ate meu nome. Lembro-me só de uma coisa: quantos cigarros faltam ate o fim do dia.
     Amanhã terei aula da minha especialização, confesso que estou com medo. Medo de magoar alguém. Vou apelar para um ansiolítico. Não gosto de usar, não queria usar, não nessa etapa, mas sinto que se faz necessário, melhor perder a batalha para meu orgulho que perder um amigo.
     Confesso que estou agitada com um programa inesperado. Sábado é lua cheia e todos aqui ficaram animados fazendo planos para irmos curtir a lua na praia. Reservamos 3 chalés e seremos em 15 pessoas, todos estão radiantes, menos eu. Fico pensando... Lual a beira mar : musica, boa conversa, vinho e ...cigarros. O universo está conspirando contra mim. Não vê que estou com uma ferida exposta? Por que tinha que ser lua cheia logo esse fim de semana quando a turminha de São Paulo está aqui e minha melhor amiga aderiu ao programa? Pô sacanagem. Se estou achando difícil sem grandes estímulos, imagine passar por isso? Todos não deveriam ficar aqui me vendo sofrer renunciando a qualquer forma de diversão e alegria? Nem mesmos os pássaros deveriam mais cantar pela manhã. O justo seria decretar o fim do sorriso e do bom humor mundial.
     Irei, mas um plano já toma corpo em minha mente. Irei esvaziar a lua, arranhar os cds, sabotar as cordas do violão,  quebrar as garrafas de vinho, tumultuar as conversas e chorar pelos cigarros não fumados.

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